terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Mesinha de cabeceira #3


de 15 fevereiro 2011

Hoje trago:
«Cartas de Amor» de Pablo Neruda


Há um livro que sai esta semana pela D. Quixote que quero destacar: As cartas de amor de Pablo Neruda para a sua Matilde Urrutia, a publicação de postais, cartas e bilhetes furtivos do período de amor proibido, até ao final de suas vidas, já casados e com um amor maduro, dos anos ‘50 até à morte do poeta em Setembro de ’73.
Na mesma altura que vem a lume haver provas de um outro amor proibido no final da sua vida, um segredo bem guardado pelos amigos de Neruda, em que a amante furtiva seria Alicia Urrutia, uma sobrinha de Matilde que descobriu tudo e expulso-a de casa, é a mesma altura que sai este cartas de amor e percebemos a força desse sentir que pulsa nesta obra.
É um livro que apetece ler, descobrir, saborear. Esta colectânea tem um grafismo apetitoso. Dispõe os bilhetinhos, postais e cartas reproduzidos a cores, e sentimos como Neruda os escrevia. Escondido, enquanto viajava com Delia, a legítima antes de Matilde, ou enquanto assistia a congressos ou até quando dava um salto de fugida aos correios. A forma como datava as missivas é igualmente original. Poderia ser o dia, o mês, com ou sem ano, ou como mais gostei: “Hoje sábado”. Percebemos pormenores como quando uma caneta falha e ele a substitui, os erros ortográficos, os desenhos engraçados que acompanham os bilhetes, as gralhas quando estreia uma máquina de escrever que confessa não ter muito jeito, sempre com um sentido de humor e ternura que nos comove e dá vontade de mais.
Para terminar, são várias as passagens que eu poderia escolher como a melhor para vos ler, mas prendi-me com esta despedida que achei francamente original. Não diz de que ano, datou apenas “Paris 28”, mas presume-se que seja do inicio do relacionamento, 1950.





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